Pesquisa iniciada em biotecnologia impulsionando a produção de bioprodutos e bioinsumos no Brasil
- Unitech Brasil

- há 5 dias
- 3 min de leitura

O projeto “Integração de multiômicas para a produção de bioprodutos a partir de fermentos por rotas biotecnológicas” foca em uma área ainda pouco explorada no Brasil e inédita na Embrapa. A ideia é combinar as ciências econômicas metabolômicas, proteômicas e fluxômicas para fornecer dados de biologia de sistemas relacionados à produção de bioprodutos e bioinsumos, com ampla gama de aplicação agroindustrial.
“Um dos grandes desafios atuais é desenvolver novos produtos de base renovável para a substituição de combustíveis fósseis, e a integração das químicas pode contribuir esse desenvolvimento”, destaca Patrícia. Segundo um pesquisador, a rota biotecnológica, que utilizar microrganismos para produtos químicos é uma alternativa promissora, mas a eficiência desses processos ainda precisa ser melhorada.
Ela explica que, “ao entender exatamente como as leveduras funcionam em nível molecular, será possível melhorá-las geneticamente ou ajustar os processos de fermentação para que produzam mais e melhor”.
Inicialmente, a pesquisa se concentrará em leveduras que produzem PABA (ácido p-amino benzóico) e PHBA (ácido p-hidroxibenzóico). Esses compostos aromáticos, hoje majoritariamente derivados do petróleo, são precursores para a fabricação de resinas, polímeros e aditivos para diversos setores. O sucesso com modelo será servirá como uma plataforma tecnológica que poderá ser replicada para a produção de numerosos outros bioprodutos e bioinsumos.
Impactos para a Embrapa e para o Brasil
Os resultados esperados da pesquisa vão muito além do laboratório. O projeto é visto como estratégico para a Embrapa e para o País, com potencial de gerar impactos significativos em múltiplas frentes.
A proposta fortalecerá na Embrapa uma área de fronteira do conhecimento, tornando uma empresa pioneira no Brasil na integração dessas ciências para o desenvolvimento de bioprodutos. O conhecimento adquirido será divulgado internamente, com a futura capacitação de outros pesquisadores e analistas. O conhecimento gerado auxiliará no desenvolvimento e aprimoramento de pesquisas já em andamento na área.
O projeto de pesquisa conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e alinha-se a outras iniciativas da Embrapa Agroenergia que visam a produção de bioprodutos e bioinsumos a partir de microrganismos, em especial de bioprocessos que envolvem proteínas, e que também contam com o apoio do CNPq, da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e da Embrapa.
O Brasil possui um dos maiores patrimônios de biodiversidade do mundo, e a Embrapa Agroenergia detém um banco com mais de 20 mil microrganismos. Uma nova plataforma tecnológica permitirá explorar esse “grande ativo”, descobrindo novos microrganismos com potencial para produzir compostos de interesse econômico, agregando valor à biodiversidade brasileira.
De acordo com a pesquisadora, ao desenvolver rotas biotecnológicas para produtos químicos, o projeto está diretamente alinhado com políticas públicas, como o Programa Nova Indústria Brasil, que visa uma reindustrialização do País em bases mais sustentáveis. A substituição de insumos fósseis por renováveis contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) e fortalece a economia circular.
O conhecimento gerado nessa pesquisa pode resultar, ainda, em patentes e licenciamento de tecnologias para parceiros industriais, transferindo a inovação da bancada do laboratório para o mercado e para a sociedade.
A proposta representa um passo estratégico para colocar o Brasil na vanguarda da biotecnologia industrial. Para ela, essa capacitação será como uma semente para que um novo campo de pesquisa floresça na Embrapa, com potencial para render frutos valiosos para a ciência, a indústria e o meio ambiente no País.
Além disso, o intercâmbio é uma grande oportunidade para estabelecer uma rede profissional e transferência de conhecimento entre o Brasil e a Alemanha, e desempenha um papel importante em um setor de biotecnologia e bioeconomia orientado por multiômica.
A proposta é um investimento estratégico para internalizar na Embrapa e no Brasil um conhecimento de fronteira, com potencial para contribuições a bioeconomia, agregar valor à biodiversidade nacional e fortalecer a soberania tecnológica do País na produção de bioprodutos.
Centro de excelência
Segundo Patrícia, a escolha do Centro Helmholtz de Pesquisas Ambientais (UFZ) não foi por acaso. A instituição possui uma infraestrutura de ponta. “A UFZ mostra caminhos para um uso sustentável dos recursos naturais em benefício da humanidade e do meio ambiente, e possui ampla experiência em pesquisa ambiental integrada, infraestruturas científicas inovadoras e mantém importantes cooperações nacionais e internacionais”, conta.
A capacitação será do grupo do pesquisador Jens Olaf Krömer, um dos precursores mundiais na área de fluxômica e biologia de sistemas. Com mais de 20 anos de experiência em metabolômica, Patrícia busca, no laboratório alemão, o conhecimento que falta para completar o quebra-cabeça: a proteômica e a fluxômica, especialmente a Análise de Fluxo Metabólico com carbono-13 (13C-MFA), uma técnica experimental desenvolvida para medir as taxas de ocorrências metabólicas dentro das células.
“Só a metabolômica não permite a compreensão dos fatores limitantes do metabolismo microbiano”, destaca Patrícia, ressaltando a necessidade de integrar as diferentes “ômicas” para se obter uma completa do processo.
Fonte: Agrolink-Embrapa, publicado em 10/08/2025
Fonte da imagem: Freepik
Saiba mais.



Comentários